terça-feira, 21 de outubro de 2008

Dispo-me de mim mesmo, fico nu perante o espelho. Vejo tantas cicatrizes, tantas rugas, tantas marcas que eu mesmo fiz em meu corpo. Marcas para me tornar outra pessoa, marcas para me esconder de quem eu realmente sou, um alter-égo, uma frase dúbia, uma interrogação. Interrogo, e um espanto. Fazia tanto tempo que eu não me via... esse sou eu mesmo? É menos mal do que eu imaginava ser, é menos mal do que o outro ser que eu tentava ser. Sou eu, sem roupa, sem armaduras, sem medos, com arrependimentos, com duvidas, com interrogações, com pensamentos, com emoções... todas minhas, tudo meu. Nada dele. E eu vou me devolvendo, me tornando meu mais uma vez.

O vencedor


O meu caminho é pelo infinito à fora, até chegar ao fim. Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo. É comigo, com Deus, com o sentido.
F.Pessoa

Dado o caminho da minha vida, basta perceber que eu não dependo dos outros para traçar meu caminho, buscar os meus sonhos e conseguir me realizar... dependo somente de mim, da minha vontade e da minha fé em mim.
Sigo o que me dizem, pois tenho fé nos outros, um dia hei de ter fé em mim... um dia eu vou vencer com as minhas próprias mãos.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Objetivo: viver.


Com o tempo eu percebi que sou uma pessoa totalmente diferente do que eu imaginava ser. Tenho mudado tanto nos últimos meses, tenho me confrontado tanto comigo, tantas mudanças, tantas realidades diferentes, tantas convivências e aprendizados e tantas expectativas. Dá pra sentir um medo às vezes. Eu consegui enxergar pela primeira vez a força que uma pessoa pode ter sob minhas atitudes e minha vida (que eu sempre imaginei segurar com as minhas mãos) foi mudando de repente. Eu percebi que sempre existe um muro, um obstáculo na nossa frente, dificultando as coisas, tornando tudo um pouco mais intenso e interessante. E por mais que nós mudemos, sempre existirá algo a mais para ser mudado, sempre existirá alguém que não se contenta com as mudanças, sempre vão existir cobranças, a vida cobra com juros e correção monetária, e não tem como fugir disto.
Por mais que a gente mude, amadureça e vire outra pessoa, sempre vai existir alguém que vai achar pouco. Espero eu... que sempre exista pessoas que estejam do nosso lado pra dar apoio.
Eu não sei por que eu mudei, não sei se foi por mim, não sei se for por alguém. Fui motivado, fui cativado... mas eu definitivamente melhorei, evoluí. Mesmo não me sentindo bem o tempo inteiro, mesmo não superando as minhas expectativas, meus desejos. A vida não é 100% alegria. Eu mudei... mas ainda falta bastante. Ainda falta preencher muitas coisas dentro do Marcelo, ainda falta uma vida inteira pra mudar.

Chuva de domingo


carnes tremulas de desejo, nuvens negras e pesadas, caem gotas lá fora. são raios e ventos e desejos de chover, suspiros e assovios. a água escorre nas paredes, o suor em nossas peles. depois da chuva a calmaria, depois do gozo a exaustão.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Atrás das lentes


Atrás das lentes eu me descontraio com um mundo novo, cheio de formas, cores e de profundidades inimagináveis.
As possibilidades são infinitas, e as criatividades que surgem de minha mente parecem leite jorrando de fartos seios, e é assim, sempre que eu estou atrás das lentes...
Sempre que eu estou capturando, roubando ou até mesmo criando uma imagem que ficará guardada para mim e para os outros, pela eternidade. É um momento de orgulho, de alto-gratificação, uma coisa tão minha, tão pessoal... e mesmo assim tão exposta.
O real significado do por que fotografar varia... cada foto, cada película, cada momento de edição ou de reflexão sobre o produto final tem um sentimento e um valor diferente. Cada vez me emociono mais diante o que faço, diante uma criação artística... e hoje eu posso me considerar um artista, um romântico e até uma pessoa que pode imortalizar momentos únicos e interpretá-los da forma que bem desejar.
Isso é somente uma pequena parte do que sinto sobre o que é estar atrás das lentes... o resto eu te conto depois... daqui a uns 30 anos. Quem sabe o meu ponto de vista não muda até lá?!

domingo, 27 de abril de 2008

Cantiga de mineiro


Do barro nasceu o homem,
o barroco foi roubado,
dentro de mim ainda mora
o coração de um enamorado.

Dos sertões sou capitão
das cidades sou ninguém
mas nos mares do meu povo,
sempre hei de ser alguem

Ontem vi os seresteiros
alegres a cantar
quando olhei pela janela
estava você, lindo a dançar

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Teoria da “relatividade”: O tempo.


Tardara chegar à noite que seria plena, calma e quente. O tempo passava lentamente, o beijo molhado em minha pele, as mãos quentes em meu rosto.

A noite caia lentamente, o calor era avassalador, e o súbito gozar parecia eteno. O gosto salgado (daquela doce boca), o entrelaçar das pernas, o roçar da minha barba em seu rosto (que guardo em minha mente ate este instante), o cheiro... ah, o cheiro, me impregnou e manteve aquela sensação durante horas a pós o final daquela noite.

Depois o sono, a vontade de se derreter na cama, o cansaço e a exaustão, a alegria do gozo. Se estirar na cama. E como era lindo o seu dormir. Lembrava o meu... um braço esticado sob o travesseiro, o outro solto, avulso sobre a cama, a ponta de um pé esticado para fora do colchão, a outra perna dobrada. Atrás estava eu, agarrado naquele corpo quente, suado, com cheiro de sexo.

O cheiro de sexo era predominante no quarto, envolvia cada cm³ e eu não conseguia dormir, a noite se estendia e eu ali, parado, olhando um sono de felicidade, um sono de cansaço. Um momento de realização, e mesmo olhando o sono dele, parecia que eu é que estava sonhando.

Logo eu, que sempre acreditei no amor; sempre desacreditei que no mundo houvesse só a traição e as pessoas que faziam só o mal. Mesmo tendo sofrido outrora, mesmo com tantas decepções, tantas lágrimas e lamentos. Agora em minha frente, eu via o rosto de alguém puro, alguém que dormia em minha frente , alguém que eu sempre havia sonhado para mim.

E vejo que o tempo é uma coisa relativa... vejam só: Eu depois de 19 anos, encontro alguém de uma dia pro outro... em 5 horas, conversamos sobre tudo de nossas vidas, depois de uma noite inteira... desta noite, eu me pergunto: “Será que foi rápido de mais?”. Mas o tempo, como eu havia dito, é uma coisa relativa.

Agora me resta a imagem do rosto, a textura da pele, o sabor do beijo e a lembrança o cheiro. Terei que esperar até a próxima vez que nos encontrarmos. Mas a saudade já envolve perturbadoramente, a saudade faz o tempo demorar a passar, 1 ou 2 dias é tempo de mais! Mas pela pessoa certa, eu espero o tempo necessário.

O mais importante eu já descobri: que eu estou com a pessoa certa para mim neste momento, E é isso que importa. O futuro só pertence a Deus, só resta a nós as atitudes certas, essas sim pertencem a nós.

domingo, 20 de abril de 2008

Caminhos cruzados


Sinta a expressão de tranqüilidade
A alvorada já chega lentamente
mostrando que todas as coisas voltarão ao normal
mesmo assim, sinto que desta vez será diferente

E o soar do vento na janela parece diferente
algo mais violento
as arvores se despem diante a colina
e o sol finalmente nasce mais uma vez

lá no alto você há de avistar aquela arvore
solitária
imortal
que tem marcas do tempo
marcas de fidelidade com a terra
escritos enamorados, encravados em sua superfície

As horas passam
o dia vai acelerando como uma roda-viva
Tudo se mecaniza
mas aquela aura de sentimentos e de tensões continua,
Arduamente eu sigo em frente
e mais uma vez, eu tenho uma mão para apertar
uma mão para me confortar
e me guiar em sentido a vida.

Releituras: Babylon


Vem comigo, vamos cantar.
Vamos sentar à beira mar,
vamos nos dedicar.
vamos pra lá... gozar,

O mundo nos aguarda,
vem ser feliz ao meu lado
quero ser
o teu amor
cansei de viver
sem graça!

Vem ter,
o arco-iris de todas as manhãs
vamos pra hong kong.
Quero,
ser teu igual você
é o meu amor
Vamos pra Babylon
Baby baby Babylon.

Eu não tenho grana pra gastar com a psicologa
eu não tenho grana pra gastar no meu yoga
eu nao tenho renda pra fabricar as minhas obras

Ai moreno
viver é bom,
esquece as penas
vem morar comigo em Babylon.


[Letra original de Zeca Baleiro...
Adaptação: Marcelo]

sábado, 19 de abril de 2008

Ando tão a flor da pele


A solidão está indo embora, abre alas pra chegar a felicidade, abre alas pra sorrir de novo.
Cansei de ficar catatônico, de nao reagir as faltas e indefinições de sentimentos vagos.
Sim, carencia, solidão, vazio no coração... Godbye one more time.
Eu estou tão cansado, mas eu acredito ainda, que as coisas vão dar certo, pra mim, pra você, pra todo mundo. Por isso que eu vivo, pra acreditar que um dia eu vou ter alguem pra chamar de meu, pra ter a certeza que eu vou dormir com alguem que me respeita, que cuida de mim e que tem essa mesma carencia que eu.
Sonho? Acho que não, a vida é como um filme, ontem começou a musica de abertura de um filme novo, acho que a musica eh interessante, parece que esse filme vai ser bacana vai ter um final feliz...(tomara que não tenha final).
Sim, eu sou bobo, eu sou carente e o pior de tudo... eu sou romantico mesmo. A moda antiga.
Sabe os pequenos detalhes?
Eles que importam... o resto é somente um roteiro igual ao dos outros filmes... o que importa sao as pequenas frazer, os pequenos olhares, os pequenos toques e sinais de importancia.
O que importa é conseguir manter um dialogo de horas a fio, sem se cansar, sem ter que improvisar, sem ter que forçar.
Isso é o que importa pra mim.


ps: Desabafo. Tava precisando disso.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Trabalhadeiro


Oficio,amargura e penar,
Necessidade de ganhar
O pensamento cravado como faca na carne
A falta de descansar
Os momentos de relaxar
O som de um gargalhar

Distraí-me deste ofício
Larguei de repente tudo
E abandonei a gravata sob a escrivaninha

Em busca de minha felicidade corri
Um sorriso brotou em minha face
E eu finalmente enxerguei
O oficio nos priva de sermos alguém
Um alguém que será lembrado
Um alguém para ser amado

Brevemente o sorriso se desprende
E o ofício vem em minha mente
Mas dilacerado e incerto
Resolvo seguir correndo
E sorrindo
Pois a vida retrata em mim as marcas de uma pessoa humana
Sem oficio e sem tardar em ser feliz

Gatos pardos


A noite é sedutora,
Envolvente, fria e aconchegante,
Restam dela somente as lembranças
Os momentos
Os beijos e os arrependimentos

Ah se o dia fosse eterno,
Não haveria mais desgostos,
Não haveria lembranças
Nem arrependimentos e beijos

Mas como as agulhas do relógio rodam e rodam e rodam...
Vamos caminhando pra escuridão,
Incertezas e falta de razão.
E somente na lembrança o gosto daquela noite
O gosto daquele beijo
A certeza de um Adeus
Ou a promessa de uma nova noite juntos.

domingo, 2 de março de 2008

Bela ilusão


Pelas ruas ela andava como se aquela fosse sua passarela
todos a olhavam
ela reluzia simpatia
mas ela era vazia

O brilho em seu olhar com o tempo se tornou uma coisa difícil de olhar
e toda aquela beleza se tornou fútil
ela não passava de uma boneca de porcelana
a qualquer toque poderia ser quebrada facilmente


Mas uma coisa a impulsionava a ser assim
ela não tinha razoes para ser de outro jeito
e cada vez mais ela se afundava no seu poço de beleza
nos seus passos largos de tristeza

E um dia seu salto quebrou
Por alguém belo e sincero ela se apaixonou
quem sabe aquele poderia ser seu remédio
seu eterno amor

Quem dera ser fácil assim
sua vida era uma caixa de surpresas
uma coisa o futuro a reservou

Seu baton não era mais o mesmo
sua maquiagem estava borrada
e na caixinha de jóias só havia bijuterias

mas de quê lhe servia aquilo tudo?
se seu amor partira para sempre

de quê servia ser aquilo que na verdade ela não era?
Voltava a ser vazia?
Ou continuava aquele poço de simpatia?

Motivos ou razoes já não haviam
mas mesmo assim ela não desceu de sua passarela
e estava ali
só esperando um flash
um aplauso
alguma coisa que a conforta-se
e a torna-se o que ela sempre foi.
Inatingivel,
Inabalavel,
Será?

Amigos


Quem viu antes a nossa vida se desviar
Hoje a vê nitidamente mudar
Antes as magoas a nos afogar
Agora juntos, as deixamos passar
Não de forma despercebida
Apenas nos ajudamos a levar melhor a vida
Sentimos a dor, mas ela não mais nos domina
Aprendemos a dar valor ao que é importante
A guardar apenas o bom de cada instante
A tristeza antes constante
Existia por andarmos em lugares errantes
Agora podemos perceber
Que aquilo que queríamos saber
Não era o que precisávamos entender
Mas era necessário viver
Para que pudéssemos aprender
Sobre o passado não temos poder
Mas o futuro, podemos fazer acontecer
Olhar para frente e parar de sofrer
Pois a felicidade não é um simples “ter”
Vale mais seu coração, sua alma e mente
Mas principalmente
Seu querer

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O silêncio


O silêncio, estilhaço de ferro cravado em mim.
Parte pura e descrente de mim
Ferro que marca o momento que deixou de existir
Mão que acalma o momento certo de se desistir

O silêncio, parte podre, um lado de ti
Um negro no branco, um esclarecimento mudo de tudo.
Uma explicação, uma negação, uma interrogação.
Uma arma para a auto-flagelação

O silêncio, tristeza ínfima.
Pedaço da mais pura parte de querer se manifestar
Parte da tara, parte da garra, parte da coragem de saber usar
Parte de poder manipular

O silêncio, lenço branco que nubla a tua face.
A amostra perfeita da essência
A parte pura de quem realmente somos...
... Quando não queremos ser ninguém.